O "Príncipe" é provavelmente a obra mais conhecida de Maquiavel, foi completamente escrito em 1513, apesar de publicado postumamente, em 1532. Está dividido em 26 capítulos. No início ele apresenta os tipos de principado existentes e expõe as características de cada um deles. Teve origem com a união de Juliano de Médici e do papa Leão X, com a qual Maquiavel viu a possibilidade de um príncipe finalmente unificar a Itália e defendê-la contra os estrangeiros, apesar de dedicar a obra a Lourenço II de Médici, mais jovem, de forma a estimulá-lo a realizar esta empreitada. Outra versão sobre a origem do livro, diz que ele o teria escrito em uma tentativa de obter favores dos Médici, contudo ambas as versões não são descartadas.
Em uma carta ao amigo Francesco Vettori, datada de 10 de dezembro de 1513, Maquiavel comenta sobre o escrito:
"E como Dante diz que não se faz ciência sem registrar o que se aprende, eu tenho anotado tudo nas conversas que me parece essencial, e compus um pequeno livro chamado "De Principatus", onde investigo profundamente o quanto posso cogitar desse assunto, debatendo o que é um principado, que tipos de principado existem, como são conquistados, mantidos, e como se perdem."
Maquiavel era um verdadeiro republicano, mas ele acreditava que somente a força de um líder especial poderia criar o um Estado italiano forte como ele imaginava. Isso, muito tempo depois, na Europa do século XIX, durante as Guerras Napoleônicas, com a Alemanha e a Itália fragmentadas e com os nacionalismos internos surgindo, gerou uma visão de Maquiavel como um nacionalista exaltado, disposto a tudo pela união e defesa da Itália, como demonstrado no último capítulo de "O Príncipe":
"Não se deve, portanto, deixar passar esta ocasião: a Itália, tanto tempo passado, há de ver, enfim, a chegada de seu redentor. E faltam-me palavras para exprimir com que amor seria ele recebido em todas aquelas províncias que padeceram com o alúvio invasor dos estrangeiros; com que sede de vingança, com que inabalável fé, com que devoção, com que lágrimas. Que portas fechar-lhe-iam? Que povos negar-lhe-iam a obediência? Que inveja ser-lhe-ia oposta? Que italiano negar-lhe-ia o respeito?"
Não obstante alguns temas atenuantes, a Igreja Católica proibiu o Príncipe, colocando-o no Index Librorum Prohibitorum. Os humanistas também viram o livro negativamente, incluindo Erasmus de Rotterdam. Como um tratado, a contribuição intelectual primária para a história do pensamento político é a ruptura fundamental entre o realismo político e o idealismo político, por ser um manual sobre aquisição e manutenção do poder político. Em contraste com Platão e Aristóteles, Maquiavel insistiu que uma sociedade ideal imaginária não é um modelo pelo qual um príncipe deve se orientar.
Muitos concluíram que o Príncipe, embora escrito como conselho para um príncipe monárquico, contém argumentos para a superioridade dos regimes republicanos, semelhantes aos encontrados nos Discursos. No século 18, o trabalho foi mesmo chamado de sátira, por exemplo, por Jean-Jacques Rousseau. Mais recentemente, comentadores como Leo Strauss e Harvey Mansfield concordaram que O Príncipe pode ser lido como tendo uma ironia cômica deliberada.
Outras interpretações incluem, por exemplo, a de Antonio Gramsci, que argumentou que o público de Maquiavel por esse trabalho não era mesmo a classe dominante, mas as pessoas comuns porque os governantes já conheciam esses métodos através de sua educação.
A ética em Maquiavel se contrapõe à ética cristã herdada por ele da Idade Média. Para a ética cristã, como atitudes dos governantes e Estados-Membros em si servem subordinados a uma lei superior e a vida humana destinava-se à salvação da alma. Com Maquiavel uma finalidade das ações dos governantes passa a ser a manutenção da pátria e o bem geral da comunidade, não é próprio, de forma que uma aula não pode ser chamada de boa ou má não ser uma realidade histórica.
Reside a um ponto de crítica ao pensamento maquiavélico, pois com essa justificativa, o Estado pode praticar todo tipo de violência, a seus cidadãos, a outros Estados. Ao mesmo tempo, o julgamento posterior de uma atitude que parece boa, pode mostrá-la má.
Para ele, a natureza humana seria essencialmente má. Os seres humanos querem obter os máximos ganhos com o esforço mínimo, apenas fazendo o bem quando forçados e isso. A natureza humana também não é alterada ao longo da história fazendo com que seus contemporâneos agissem da mesma maneira que os antigos romanos e que uma história dessa e de outras civilizações servem de exemplo. Falta-o um senso das mudanças históricas.
Como consequência, acha inútil imaginar estados utópicos, visto que nunca antes postos em prática e prefere pensar no real. Sem querer com isso dizer que são seres humanos ajam sempre de forma má, pois isso é causado pela lei, em um acordo entre os cidadãos. Não é possível esperar o melhor dos homens ou que estes ajam segundo o que se espera deles.
O Príncipe ◄◄◄ Boa Leitura!!! 😘😘😘